segunda-feira, 29 de junho de 2009

CLASSICISMO EM PORTUGAL

RENASCIMENTO

A sociedade se liberta do domínio da igreja e o homem se torna o centro do mundo.Antropocentrismo oposto ao teocentrismo medieval, a valorização da razão, pelo culto da antiguidade clássica e pelo humanismo.
O RENASCIMENTO valoriza a faculdade de conhecimento e a soberania do raciocínio, capazes de conduzir o homem a grandes proesas, como as que canta Camões (1524-1580).
O renascimento imita a Antiguidade Clássica Greco-latina porque havias a concepção de que os gregos e romanos haviam atingido a mais alta realização artística.
O humanismo, característica do Renascimento, é o interesse pelo homem e a primazia a ele conferida. O sentimento religioso não desaparece, mas passa a ser secundário.
O homem passa a ser valorizado pela sua capacidade de conhecimento, pela sua possibilidade de voltar-se às coisas do mundo e domina-las pelo saber.

CARACTERISTICAS DO PERÍODO:

* ANTOPOCENTRISMO;
* valorização da razão;
* culto dos valores da Antiguidade clássica;
* Humanismo;
* CIENTIFICISMO – preocupação com a ciência, metodização da natureza, registro dos dados da experiência;
* ELITISMO – arte produzida por e para uma elite antipopular;
* AUTONOMIA DA ARTE – independência da Igreja, valorização da forma sobre o tema, surgimento a noção de autor;

CONTEXTO HISTORICO – PORTUGAL

O Classicismo português desenvolveu-se durante o século XVI. É, portanto, o movimento literário de intensa transformação social e cultural representada pelo Renascimento. Caracterizado por intensa produção literária, desenvolvimento da poesia, tanto lírica como épica. A prosa também apresenta muitos textos, narrativas de ficção e histográficas e principalmente a “literatura de viagens”, ligada aos descobrimentos marítimos
A consciência o homem como ser universal e também a consciência de nação.
As grandes descobertas e a euforia da riqueza e do luxo são suplantadas pelo desencanto do desmoronamento na Europa. O primeiro momento do Renascimento é de euforia e o segundo é de desencanto, decadência.

CAMÕES

Luís Vaz de Camões presume-se tenha nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves). Viveu algum tempo em Coimbra onde, segundo consta, freqüentou aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boemia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma briga, parte para a Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde escreveu, de acordo com seus estudiosos, grande parte da sua obra. Regressa a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Faleceu em Lisboa no dia 10 de junho de 1580. É considerado o maior poeta português, situando-se a sua obra entre o Classicismo e o Maneirismo. Obras: "Os Lusíadas" (1572), "Rimas" (1595), "El-Rei Seleuco" (1587), "Auto de Filodemo" (1587) e "Anfitriões" (1587).

Soneto

(Luís de Camões)

Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce e é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido:
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens e inda aos deuses odioso.

Se males faz Amor, em mi se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de amor;
Todos estes seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.

OS LUSÍADAS

O renascimento literário atingiu seu ápice em Portugal, durante o período conhecido como Classicismo, entre 1527 e 1580. O marco de seu início é o retorno a Portugal do poeta Sá de Miranda, que passara anos estudando na Itália, de onde traz as inovações dos poetas do Renascimento italiano, como o verso decassílabo e as posturas amorosas do Doce stil nouvo. Mas foi Luís de Camões, cuja vida se estende exatamente durante este período, quem aperfeiçoou, na Língua Portuguesa, as novas técnicas poéticas, criando poemas líricos que rivalizam em perfeição formal com os de Petrarca e um poema épico, Os Lusíadas, que, à imitação de Homero e Virgílio, traduz em verso toda a história do povo português e suas grandes conquistas, tomando, como motivo central, a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama em 1497/99. Para cantar a história do povo português, em Os Lusíadas, Camões foi buscar na antiguidade clássica a forma adequada: o poema épico, gênero poético narrativo e grandiloqüente, desenvolvido pelos poetas da antiguidade para cantar a história de todo um povo. A Ilíada e a Odisseia, atribuídas a Homero (Século VIII a. C), através da narração de episódios da Guerra de Troia, contam as lendas e a história heroica do povo grego. Já a Eneida, de Virgílio (71 a 19 a.C.), através das aventuras do herói Enéas, apresenta a história da fundação de Roma e as origens do povo romano.
Ao compor o maior monumento poético da Língua Portuguesa, Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões copia a estrutura narrativa da Odisseia de Homero, assim como versos da Eneida de Virgílio. Utiliza a estrofação em Oitava Rima, inventada pelo italiano Ariosto, que consiste em estrofes de oito versos, rimadas sempre da mesma forma: abababcc. A epopeia se compõe de 1102 dessas estrofes, ou 8816 versos, todos decassílabos, divididos em 10 cantos.

DIVISÃO DA OBRA:

O poema se organiza tradicionalmente em cinco partes:

1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3) Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra de Vasco da Gama e a história do povo português.
2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5) O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na composição da obra.
3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18) O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé católica e continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.
4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144) A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heróica portuguesa.
5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156) Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua "voz rouca" não ser ouvida com mais atenção.

NARRAÇÃO

A narração consiste, portanto, na maior parte do poema. Inicia-se "In Media Res", ou seja, em plena ação. Vasco da Gama e sua frota se dirigem para o Cabo da Boa Esperança, com o intuito de alcançarem a Índia pelo mar. Auxiliados pelos deuses Vênus e Marte e perseguidos por Baco e Netuno, os heróis lusitanos passam por diversas aventuras, sempre comprovando seu valor e fazendo prevalecer sua fé cristã. Ao pararem em Melinde, ao atingirem Calicute, ou mesmo durante a viagem, os portugueses vão contando a história dos feitos heróicos de seu povo. Completada a viagem, são recompensados por Vênus com um momento de descanso e prazer na Ilha dos Amores, verdadeiro paraíso natural que em muito lembra a imagem que então se fazia do recém descoberto Brasil.

ESTRUTURA NARRATIVA

O poema se estrutura através de uma narrativa principal, que apresenta a viagem da armada de Vasco da Gama. A esse fio narrativo condutor é incorporada inicialmente a narração feita por Vasco da Gama ao rei de Melinde, em que conta a história de Portugal até a sua própria viagem. Na voz do Gama, ouvem-se os feitos dos heróis portugueses anteriores a ele, como Dom Nuno Álvares Pereira, o caso de amor trágico de Inês de Castro, o relato de sua própria partida, com o irado e premonitório discurso do Velho do Restelo e o episódio do Gigante Adamastor, representação mítica do Cabo da Boa Esperança. Em seguida são acrescentadas as narrativas feitas aos seus companheiros pelo marinheiro Veloso, que relata o episódio dos Doze da Inglaterra. Por fim, já na Índia, Paulo da Gama, irmão de Vasco, conta ainda outros feitos heróicos portugueses ao Catual de Calicute. A estrutura narrativa do poema é composta, portanto, por três narrativas remetendo à história de Portugal, interligadas pela narração da viagem de Vasco da Gama.

ECLETISMO RELIGIOSO

O poema apresenta um ecletismo religioso bastante curioso. Mescla a mitologia greco-romana a um catolicismo fervoroso. Protegidos pelos deuses, os portugueses procuram impor aos infiéis mouros sua fé cristã. O português é visto por Camões como representante de toda a cultura ocidental, batendo-se contra o inimigo oriental, o árabe não-cristão. Todo esse fervor religioso não impede a utilização pelo poeta do erotismo de cunho pagão, como no episódio da Ilha dos Amores e seus defensores lusitanos são protegidos, ao longo de todo o poema, por uma deusa pagã, Vênus. É curioso notar que a imagem clássica do deus romano Baco (o Dioniso dos gregos), amigo do vinho e do desregramento, inimigo maior dos portugueses, é a de um ser de chifres e rabo. A mesma que foi utilizada pela igreja católica para representar o demônio.

EPISÓDIOS PRINCIPAIS

Diversos são os episódios célebres de Os Lusíadas que merecem um olhar mais atento. Um deles é o da Ilha dos Amores, (Canto IX, estrofes 68 a 95) em que a "Máquina do Mundo", com suas inúmeras profecias, é apresentada aos portugueses. Nessa passagem do final do poema o plano mítico - dos deuses - e o histórico - dos homens - encontram-se: os portugueses são elevados simbolicamente à condição de deuses, pois só aos últimos é permitido contemplar a "Máquina do Mundo". Foi o episódio da Ilha dos Amores que inspirou o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade a compor seu poema "A Máquina do Mundo". Outro é o do Gigante Adamastor, (Canto V, estrofes 37 a 60), representação figurada do Cabo da Boa Esperança, que simboliza os perigos e tormentas enfrentados pelos navegadores lusitanos no caminho da Índia. Adamastor é o próprio Cabo, que foi transformado em rocha pelo deus Peleu, como vingança por ter seduzido sua esposa, a ninfa Tétis. Esse episódio foi recriado por Fernando Pessoa (1888-1935) no poema "O Mostrengo" do livro Mensagem (1934).

domingo, 28 de junho de 2009

MODERNISMO NO BRASIL

Realizada a Semana de Arte Moderna e ainda sob os ecos das vaias e gritarias, tem início uma primeira fase modernista, que se estende de 1922 a 1930, caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições. Constitui, portanto, um período rico em manifestos e revistas de vida efêmera: são grupos em busca de definição.
Nessa década, a economia mundial caminha para um colapso, que se concretizaria na quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. O Brasil vive os últimos anos da chamada República Velha, ou seja, o período de domínio político das oligarquias ligadas aos grandes proprietários rurais. Não por mera coincidência, a partir de 1922, com a revolta militar do Forte de Copacabana, o Brasil passa por um momento realmente revolucionário, que culminaria com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas.
Assim é que, de 1930 a 1945, o movimento modernista vive uma segunda fase, refletindo as transformações por que passou o país. Tem início uma outra etapa de sua vida republicana, levando os artistas nacionais a se posicionarem diante dessa nova realidade.

Características:

O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase modernista e seu forte sentido destruidor.
Ao mesmo tempo que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: volta às origens, pesquisa de fontes quinhentistas, busca de uma "língua brasileira" (a língua falada pelo povo nas ruas), paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras, e valorização do índio verdadeiramente brasileiro. É o tempo dos manifestosnacionalistas do Pau-Brasil e da Antropofagia, dentro da linha comandada por Oswald de Andrade, e dos manifestos do Verde-Amarelismo e do grupo da Anta, que já trazem as sementes do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.
Como se percebe já ao final da década de 1920, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de um lado, um nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, identificado politicamente com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.
Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo e que continuariam a produzir nas décadas seguintes destacam-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

ROMANTISMO NO BRASIL


A PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA NO BRASIL

Como construir a identidade literária de um país? Essa foi a pergunta feita pelos primeiros românticos brasileiros. Inspirados pela Proclamação da Independência, jovens idealistas começaram a buscar símbolos verdadeiramente brasileiros que pudessem ser cantados em verso e prosa. Neste capítulo, saberemos quais são esses símbolos e como foram escolhidos e representados nas primeiras manifestações da literatura romântica brasileira.
Muitos autores românticos fizeram, em seus textos, retratos do Brasil. Leia um dos mais conhecidos deles, feito por Gonçalves Dias:

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossas vidas mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

(Coimbra — Julho de 1843.)

EXERCÍCIOS

01) Como se caracteriza o vocabulário desse poema e suas construções frasais?

02) Que tipo de verso foi empregado? O número de versos por estrofe é sempre o mesmo?

03) Observe que a métrica destes versos populares, de cantiga de roda e de autoria desconhecida, é a mesma do poema que você acabou de ler:

"Teresinha de Jesus
De uma queda foi ao chão..."

"Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão..."

Que intenção pode ter tido o poeta ao empregar essa métrica?

04) O poema está organizado a partir da oposição entre dois espaços: a pátria - com os elementos que a caracterizam - e o exílio (Coimbra).

a) Que palavras do texto evidenciam essa antítese?

b) Como é cada um desses espaços para o eu lírico?

c) Que sentimentos ele manifesta em relação à pátria?

d) Esses sentimentos são expressos, sobretudo, em relação à natureza brasileira: palmeiras, sabiá, bosques etc. O eu lírico é objetivo e imparcial ao descrever essa natureza? Por quê?
05) O nativismo significa a presença, nos textos literários, de alguns vestígios da natureza ou da vida social do Brasil. Nacionalismo, por sua vez, é um conceito mais amplo, porque envolve a ideia de nação, povo e de uma identidade cultural que os represente. A partir disso tudo, responda: você acha que o poema de Gonçalves Dias é nativista ou nacionalista? Justifique sua resposta.

A GERAÇÃO NACIONALISTA

A primeira geração da poesia romântica brasileira seguiu-se à publicação de “Suspiros poéticos e saudades”. A euforia da independência, a aversão ao português dominador, o nacionalismo e a descoberta da matéria indianista ocupam a poesia desta fase.
A urbanização da cidade do Rio de Janeiro, agora transformada em corte, criando uma sociedade consumidora representada pela aristocrácia rural, profissionais liberais e jovens estudantes, todos em busca de "entretenimento"; o espírito nacionalista a exigir uma "cor local" para os romances, e não a mera importação ou tradução de obras estrangeiras; o jornalismo vivendo seu primeiro grande impulso e a divulgação em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional; estes são alguns dos fatos que explicam o aparecimento e o desenvolvimento do romance no Brasil.
Respondendo às exigências do público leitor, surgem romances que giram em torno da descrição dos costumes urbanos e de amenidades do campo, ou que apresentam imponentes selvagens, personagem concebidos pela imaginação e ideologia romântica, com os quais o leitor se identifica, pois retratam uma "relidade" que lhe convém. Alguma poucas obras desse esquema; é o caso de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e mesmo de Inocência do Visconde de Taunay.
Cronologiacamente, o primeiro romance brasileiro foi "O filho do pescador", publicado em 1843, de autoria de Teixeira e Sousa (1812-1881). Romance sentimentalóide de trama confusa, que não serve para definir as linhas que o romance romântico seguiria em nossas letras. Dessa forma, pela aceitação obtida junto ao público leitor, por ter moldado o gosto desse público ou correspondido às suas expectativas, convencinou-se adotar o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, lançado em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
Também chamada de geração nacionalista ou indianista, foi marcada pela exaltação da natureza,a volta ao passado histórico, o medievalismo e a criação do héroi nacional na figura do índio,de onde surgiu a denominação geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto-Alegre.
O indianismo, a natureza, a Pátria, a mulher amada são temas constantes na vigorosa métrica gonçalviana.

Contexto histórico do Romantismo

- Revolução francesa;
- Vinda da Família Real ao Brasil;
- Mudanças do período colonial para o período nacional.

Na Europa:

- Revolução francesa;
- Ascensão da Burguesia;
- Inicio do sistema capitalista.

No Brasil:

- Vinda da Família real (1808);
- Abertura dos portos;
- Criação do Banco do Brasil, Casa da Moeda, Jardim Botânico, etc;
- Transição do período colonial para o período nacional.

Características Literárias:

- Liberdade total no plano expressivo, ou seja, a "liberdade de expressão";
- Negação dos padrões clássicos;
- Arte voltada para as camadas populares;
- Sentimentalismo;
- Subjetivismo/Egocentrismo;
- Uso do verso livre/branco;
- Idealização da figura feminina;
- Criação de hérois com características românticas;
- Índio: representa o nacionalismo e o passado pré-colonial;
- Exaltação da natureza;
- Sentimento nacionalista;
- Religiosidade;
- Saudosismo.
Individualismo e subjetivismo

Podemos dizer que o subjetivismo, característica destacada deste período, era basicamente uma reação contra a objetividade da ciência e da razão. O autor romântico era a favor do "conhecimento" do coração, subjetivo por natureza.
Assim, por exemplo, contra a "objetividade" dos modelos greco-latinos, o Romantismo pregava o experimentalismo (em posição oposta ao Arcadismo), o que determinou o fim da separação rígida entre os gêneros literários, e a criação de novas formas, como o romance. Enquanto no Arcadismo havia uma preocupação geral de seguir as normas dos clássicos, no Romantismo não haverá preocupação em seguir nenhuma regra ou modelo, anterior. Os gêneros literários foram muito questionados, havendo mesmo quem chegasse pura e simplesmente a rejeitar a idéia de gêneros, argumentando que cada obra de arte é singular, especial, única, e não deve sofrer tentativas de classificação. O que vale mesmo é a criação individual do "gênio", daquele ser humano especialmente dotado para produzir arte. Esta, por sua vez, não pode nem deve ser analisada ou criticada, já que a obra artística teria um valor próprio, que só poderia ser determinado por quem a produziu - isto é, o "gênio", o artista.
Havia, por consequência, uma despreocupação em relação às convenções literárias estabelecidas. Na poesia, por exemplo, predomina um desprendimento em relação as regras da métrica clássica. Estas regras não admitiam a quebra da medida, isto é, a introdução, numa estrofe, de um verso que não tivesse número de sílabas harmoniosamente combinado com os demais.

Liberdade de criação

Todo tipo de padrão clássico preestabelecido é abolido. O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial.

Idealização

Motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal. Assim, a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor, quase sempre, é espiritual e inalcançável; o índio, ainda que moldado segundo modelos europeus, é o herói nacional.

Nacionalismo ou patriotismo

Exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.

Religiosidade

Como uma reação ao Racionalismo materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do mundo real.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

QUADRINHOS E O VESTIBULAR


(Trecho do livro "Memórias de um Sargento de Milícias", transformado em HQ pela Editora Escala)

Não são apenas os textos didáticos ou as aulas expositivas que trazem conhecimentos aos pré-vestibulandos, existe uma gama de literaturas e informativos que preparam o aluno para o exame, de forma qualitativa.
Os quadrinhos também trazem um bom suporte educacional, pois falam a mesma linguagem dos jovens e podem facilitar a compreensão de vários temas, como guerras, fatos históricos, período imperial, dentre outros, levando para os estudantes uma forma crítica e satírica de perceber como tais fatos aconteceram.
Ler quadrinhos não significa que o aluno seja demasiadamente infantil ou alienado com o mundo e a realidade que o cerca, mas uma forma de juntar conhecimento, cultura e entretenimento.
Alguns quadrinhos trazem abordagens históricas e interessantes, criando condições de se envolver com os temas deliberados para o ensino médio, citados abaixo como uma opção para que estudantes se inteirem dos assuntos.
Dom João Carioca (Lilia Moritz S. e Spacca) – é um quadrinho que faz uma abordagem satírica da vinda da corte portuguesa, em 1807, para o Brasil, para fugir da guerra napoleônica.
Gen – Pés Descalços (Keiji Nakazawa) – um texto autobiográfico que conta a história de um garoto de seis anos que viveu em Hiroshima, no Japão, sofrendo as conseqüências do fim da II Guerra Mundial.
Maus (Art Spielgerman) – com o título de vencedor do prêmio Pulitzer, o autor conta, através dessa fábula, a história de vida de seu pai, um judeu que sobreviveu aos campos de concentração, caracterizando as pessoas como animais: judeus - ratos (maus em alemão); alemães - gatos e americanos - cachorros.
Uma História de Sarajevo (Joe Sacco) – esse jornalista faz uma abordagem sobre a história de Sarajevo, capital da Bósnia, e a destruição de uma guerra civil que atingiu a população bósnia, sérvia e croata.
Toda Mafalda (Quino) – esses quadrinhos retratam, em forma de sátira, a vida de uma menina de sete anos, que vivia em Buenos Aires, Argentina, na década de setenta, onde os conflitos políticos e sociais estavam em evidência. É uma personagem muito inteligente, que embora criança, tem conhecimentos de literatura, política e filosofia.
Além desses, alguns jornais de circulação nacional trazem quadrinhos sérios, que abordam os problemas sociais, de forma qualitativa, o que também é fundamental para a formação do pré-vestibulando, a fim de proporcionar a consciência crítica da realidade que nos cerca. Henfil (Henrique de Sousa Filho) foi um dos grandes nomes da história cartunista e quadrinista do Brasil. Hoje temos Cacco Galhardo, da Folha de São Paulo, que publica a tira “Os Pescoçudos” uma vez por semana, e já teve alguns personagens seus transformados em desenhos animados.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia

Para ler mais sobre quadrinhos e vestibular, clique aqui:

quarta-feira, 3 de junho de 2009

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS


















EXERCÍCIO

01. É através de recursos visuais que ficamos entendendo o desfecho da história. Diga o que ocorre para que as personagens Tina e Pipa voltem às boas no último quadrinho.

02. Conhecendo os recursos gráficos empregados pelas HQs, cite alguns exemplos de reações das personagens expressas através deles.

03. O dicionário nos dá a seguinte definição para o termo paródia:

"A Paródia é uma imitação, na maioria das vezes cômica, de uma composição literária, (também existem paródias de filmes e músicas), sendo portanto, uma imitação que geralmente possui efeito cômico, utilizando a ironia e o deboche. Ela geralmente é parecida com a obra de origem, e quase sempre tem sentidos diferentes. Na literatura a paródia é um processo de intertextualização, com a finalidade de desconstruir um texto."

A partir dessa definição, diga: existem exemplos de paródia na historinha que você acabou de ler? Indique quais são.

04. Encontre, nos quadrinhos lidos, três exemplos de onomatopeia e reproduza-os, dizendo, na sequência, que som eles estão indicando.

05. Quando Tina lê para Pipa os nomes das comunidades virtuais de Zecão, Pipa fica frustrada com as preferências do namorado e extremamente irritada. Explique o motivo da zanga de Pipa e diga qual seria, dentro do contexto, a conclusão tirada por ela a partir do que viu.

06. Sabendo que, assim como qualquer texto narrativo, uma HQ veicula valores, conceitos, ideias e informações, reflita sobre a historinha que você leu e diga quais são as mensagens que o cartunista Maurício de Sousa pretende transmitir com ela para os seus leitores.

07. Você provavelmente conhece sites de relacionamento como o "Iorkut", em que as personagens Tina e Pipa se cadastraram. Em sites como esse, as pessoas se adicionam a comunidades e deixam registradas, entre outras coisas, suas preferências, seus gostos, algumas de suas principais características. A partir desses fatos, responda: você considera correta a atitude das duas amigas de se desentenderem por conta das comunidades virtuais? Na sua opinião, o que acontece no mundo virtual deve ser levado a sério na vida real ou é preciso saber separar as coisas? Comente o assunto redigindo um pequeno texto opinativo.

08. Conhecendo os diferentes registros linguísticos e o seu emprego, responda: os quadrinhos se valem de uma linguagem mais culta, formal ou empregam uma linguagem mais descontraída, coloquial? Justifique sua resposta e diga por que o tipo de linguagem considerado por você é o mais adequado para esse tipo de texto.

TEXTO ARGUMENTATIVO



CONSUMO, LOGO EXISTO


Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma joia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela…
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com frequência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

* Frei Betto é Frei dominicano e escritor.

EXERCÍCIO

01. Diga, sucintamente, qual é o tema do texto que você acabou de ler.

02. Diga o que você entende de cada uma das frases selecionadas abaixo:

a) "A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte."

b) "Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis."

c) "Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife."

03. A qual outro termo mencionado no texto se refere a palavra eletrodoméstico no trecho a seguir: "O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc."

04. Frei Betto cita Marx em seu artigo: "O valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." Explique essa colocação do famoso intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna.

05. Leia atentamente o parágrafo transcrito abaixo:

"Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade."

Agora, com SUAS PALAVRAS, explique as ideias expostas pelo autor nele.

06. Chamamos de INTERTEXTUALIDADE o fato de um determinado texto "dialogar" com outros textos, ou seja, um autor, dentro daquilo que está escrevendo, remeter a ideias e conceitos de outras pessoas, outros autores, dentro de sua própria argumentação. A partir do conhecimento desse conceito, responda: Frei Betto dialoga com crenças/convicções de outras pessoas em seu texto ou se limita a tratar apenas de ideias próprias? Justifique sua resposta.

07. Explique como a citação de Sócrates, no final do texto, resume o ponto de vista do autor acerca do consumismo irrefreado do mundo moderno. Podemos inferir que essa citação seja a ilustração da conclusão a que o autor pretende nos fazer chegar?

08. A imagem reproduzida abaixo tem como tema o mesmo assunto discutido no texto que você acabou de ler. Faça um comentário associando os dois.

09. Observe o seguinte trecho: "A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela…", nele, os nomes próprios "Gata Borralheira" e "Cinderela", que são de uma personagem de contos de fada, aparecem grafados com a inicial minúscula, propositalmente. Explique qual foi a intenção do autor ao fazer isso.