A PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA NO BRASIL
Como construir a identidade literária de um país? Essa foi a pergunta feita pelos primeiros românticos brasileiros. Inspirados pela Proclamação da Independência, jovens idealistas começaram a buscar símbolos verdadeiramente brasileiros que pudessem ser cantados em verso e prosa. Neste capítulo, saberemos quais são esses símbolos e como foram escolhidos e representados nas primeiras manifestações da literatura romântica brasileira.
Muitos autores românticos fizeram, em seus textos, retratos do Brasil. Leia um dos mais conhecidos deles, feito por Gonçalves Dias:
Muitos autores românticos fizeram, em seus textos, retratos do Brasil. Leia um dos mais conhecidos deles, feito por Gonçalves Dias:
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossas vidas mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(Coimbra — Julho de 1843.)
EXERCÍCIOS
01) Como se caracteriza o vocabulário desse poema e suas construções frasais?
02) Que tipo de verso foi empregado? O número de versos por estrofe é sempre o mesmo?
03) Observe que a métrica destes versos populares, de cantiga de roda e de autoria desconhecida, é a mesma do poema que você acabou de ler:
02) Que tipo de verso foi empregado? O número de versos por estrofe é sempre o mesmo?
03) Observe que a métrica destes versos populares, de cantiga de roda e de autoria desconhecida, é a mesma do poema que você acabou de ler:
"Teresinha de Jesus
De uma queda foi ao chão..."
"Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão..."
De uma queda foi ao chão..."
"Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão..."
Que intenção pode ter tido o poeta ao empregar essa métrica?
04) O poema está organizado a partir da oposição entre dois espaços: a pátria - com os elementos que a caracterizam - e o exílio (Coimbra).
a) Que palavras do texto evidenciam essa antítese?
b) Como é cada um desses espaços para o eu lírico?
c) Que sentimentos ele manifesta em relação à pátria?
d) Esses sentimentos são expressos, sobretudo, em relação à natureza brasileira: palmeiras, sabiá, bosques etc. O eu lírico é objetivo e imparcial ao descrever essa natureza? Por quê?
04) O poema está organizado a partir da oposição entre dois espaços: a pátria - com os elementos que a caracterizam - e o exílio (Coimbra).
a) Que palavras do texto evidenciam essa antítese?
b) Como é cada um desses espaços para o eu lírico?
c) Que sentimentos ele manifesta em relação à pátria?
d) Esses sentimentos são expressos, sobretudo, em relação à natureza brasileira: palmeiras, sabiá, bosques etc. O eu lírico é objetivo e imparcial ao descrever essa natureza? Por quê?
05) O nativismo significa a presença, nos textos literários, de alguns vestígios da natureza ou da vida social do Brasil. Nacionalismo, por sua vez, é um conceito mais amplo, porque envolve a ideia de nação, povo e de uma identidade cultural que os represente. A partir disso tudo, responda: você acha que o poema de Gonçalves Dias é nativista ou nacionalista? Justifique sua resposta.
A GERAÇÃO NACIONALISTA
A primeira geração da poesia romântica brasileira seguiu-se à publicação de “Suspiros poéticos e saudades”. A euforia da independência, a aversão ao português dominador, o nacionalismo e a descoberta da matéria indianista ocupam a poesia desta fase.
A urbanização da cidade do Rio de Janeiro, agora transformada em corte, criando uma sociedade consumidora representada pela aristocrácia rural, profissionais liberais e jovens estudantes, todos em busca de "entretenimento"; o espírito nacionalista a exigir uma "cor local" para os romances, e não a mera importação ou tradução de obras estrangeiras; o jornalismo vivendo seu primeiro grande impulso e a divulgação em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional; estes são alguns dos fatos que explicam o aparecimento e o desenvolvimento do romance no Brasil.
Respondendo às exigências do público leitor, surgem romances que giram em torno da descrição dos costumes urbanos e de amenidades do campo, ou que apresentam imponentes selvagens, personagem concebidos pela imaginação e ideologia romântica, com os quais o leitor se identifica, pois retratam uma "relidade" que lhe convém. Alguma poucas obras desse esquema; é o caso de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e mesmo de Inocência do Visconde de Taunay.
Cronologiacamente, o primeiro romance brasileiro foi "O filho do pescador", publicado em 1843, de autoria de Teixeira e Sousa (1812-1881). Romance sentimentalóide de trama confusa, que não serve para definir as linhas que o romance romântico seguiria em nossas letras. Dessa forma, pela aceitação obtida junto ao público leitor, por ter moldado o gosto desse público ou correspondido às suas expectativas, convencinou-se adotar o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, lançado em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
Também chamada de geração nacionalista ou indianista, foi marcada pela exaltação da natureza,a volta ao passado histórico, o medievalismo e a criação do héroi nacional na figura do índio,de onde surgiu a denominação geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto-Alegre.
O indianismo, a natureza, a Pátria, a mulher amada são temas constantes na vigorosa métrica gonçalviana.
A urbanização da cidade do Rio de Janeiro, agora transformada em corte, criando uma sociedade consumidora representada pela aristocrácia rural, profissionais liberais e jovens estudantes, todos em busca de "entretenimento"; o espírito nacionalista a exigir uma "cor local" para os romances, e não a mera importação ou tradução de obras estrangeiras; o jornalismo vivendo seu primeiro grande impulso e a divulgação em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional; estes são alguns dos fatos que explicam o aparecimento e o desenvolvimento do romance no Brasil.
Respondendo às exigências do público leitor, surgem romances que giram em torno da descrição dos costumes urbanos e de amenidades do campo, ou que apresentam imponentes selvagens, personagem concebidos pela imaginação e ideologia romântica, com os quais o leitor se identifica, pois retratam uma "relidade" que lhe convém. Alguma poucas obras desse esquema; é o caso de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e mesmo de Inocência do Visconde de Taunay.
Cronologiacamente, o primeiro romance brasileiro foi "O filho do pescador", publicado em 1843, de autoria de Teixeira e Sousa (1812-1881). Romance sentimentalóide de trama confusa, que não serve para definir as linhas que o romance romântico seguiria em nossas letras. Dessa forma, pela aceitação obtida junto ao público leitor, por ter moldado o gosto desse público ou correspondido às suas expectativas, convencinou-se adotar o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, lançado em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
Também chamada de geração nacionalista ou indianista, foi marcada pela exaltação da natureza,a volta ao passado histórico, o medievalismo e a criação do héroi nacional na figura do índio,de onde surgiu a denominação geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto-Alegre.
O indianismo, a natureza, a Pátria, a mulher amada são temas constantes na vigorosa métrica gonçalviana.
Contexto histórico do Romantismo
- Revolução francesa;
- Vinda da Família Real ao Brasil;
- Mudanças do período colonial para o período nacional.
Na Europa:
- Revolução francesa;
- Ascensão da Burguesia;
- Inicio do sistema capitalista.
No Brasil:
- Vinda da Família real (1808);
- Abertura dos portos;
- Criação do Banco do Brasil, Casa da Moeda, Jardim Botânico, etc;
- Transição do período colonial para o período nacional.
Características Literárias:
- Liberdade total no plano expressivo, ou seja, a "liberdade de expressão";
- Negação dos padrões clássicos;
- Arte voltada para as camadas populares;
- Sentimentalismo;
- Subjetivismo/Egocentrismo;
- Uso do verso livre/branco;
- Idealização da figura feminina;
- Criação de hérois com características românticas;
- Índio: representa o nacionalismo e o passado pré-colonial;
- Exaltação da natureza;
- Sentimento nacionalista;
- Religiosidade;
- Saudosismo.
Individualismo e subjetivismo
Podemos dizer que o subjetivismo, característica destacada deste período, era basicamente uma reação contra a objetividade da ciência e da razão. O autor romântico era a favor do "conhecimento" do coração, subjetivo por natureza.
Assim, por exemplo, contra a "objetividade" dos modelos greco-latinos, o Romantismo pregava o experimentalismo (em posição oposta ao Arcadismo), o que determinou o fim da separação rígida entre os gêneros literários, e a criação de novas formas, como o romance. Enquanto no Arcadismo havia uma preocupação geral de seguir as normas dos clássicos, no Romantismo não haverá preocupação em seguir nenhuma regra ou modelo, anterior. Os gêneros literários foram muito questionados, havendo mesmo quem chegasse pura e simplesmente a rejeitar a idéia de gêneros, argumentando que cada obra de arte é singular, especial, única, e não deve sofrer tentativas de classificação. O que vale mesmo é a criação individual do "gênio", daquele ser humano especialmente dotado para produzir arte. Esta, por sua vez, não pode nem deve ser analisada ou criticada, já que a obra artística teria um valor próprio, que só poderia ser determinado por quem a produziu - isto é, o "gênio", o artista.
Havia, por consequência, uma despreocupação em relação às convenções literárias estabelecidas. Na poesia, por exemplo, predomina um desprendimento em relação as regras da métrica clássica. Estas regras não admitiam a quebra da medida, isto é, a introdução, numa estrofe, de um verso que não tivesse número de sílabas harmoniosamente combinado com os demais.
Liberdade de criação
Todo tipo de padrão clássico preestabelecido é abolido. O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial.
Idealização
Motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal. Assim, a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor, quase sempre, é espiritual e inalcançável; o índio, ainda que moldado segundo modelos europeus, é o herói nacional.
Nacionalismo ou patriotismo
Exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.
Religiosidade
Como uma reação ao Racionalismo materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do mundo real.
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