TEMA PROPOSTO: A efemeridade/transitoriedade dos fatos, dos valores, das relações e seus efeitos sobre o ser humano dos nossos dias.
Verificamos, hoje em dia, que tudo pode ser acessado de imediato, mas é efêmero / transitório: pode acabar instantaneamente ou ser substituído na mesma velocidade com que foi descoberto, experimentado ou vivido. Podemos, desta forma, chegar à constatação de que estamos envolvidos em relações de superficialidade, em acúmulo de tarefas e imersos numa constante “falta de tempo”. As pessoas sentem-se “perdidas” dentro do caos da modernidade e têm dificuldade para estabelecer relações saudáveis com o que quer que seja: trabalho, família, sua saúde ou nos relacionamentos em geral.
A velocidade com que as mudanças e os fatos acontecem no nosso dia-a-dia gera um forte sentimento de instabilidade e insegurança, nos levando a refletir sobre quão superficiais ou mesmo “descartáveis” tornaram-se também as nossas necessidades no mundo atual. Temos dificuldades em estabelecer valores autênticos, iludidos e influenciados que somos pela chamada “cultura digital” e também pela crescente “homogeneidade”, imposta pela globalização, que nos faz perder de vista heranças culturais e comportamentais, deixadas em segundo plano, provocando uma perda de identidade que, se não for freada a tempo, pode nos causar danos irreversíveis e bastante tristes a longo prazo.
Guiados pela mídia e bombardeados pelas idéias consumistas, começamos a valorizar e a buscar coisas que, na verdade, estão longe de serem realmente importantes para nossas vidas porque passageiras e irrelevantes. Mudamos nossas cabeças, mudamos nosso comportamento e a eterna sensação de “vazio” ainda nos persegue: sem objetivos reais, somos constantemente vitimados pela nossa própria visão distorcida e invertida da realidade.
Você já parou para pensar sobre isso?
Para auxiliar sua reflexão, leia os textos abaixo e, a seguir, norteando-se por eles, produza um texto dissertativo, com cerca de 25/30 linhas, em que você desenvolva o tema proposto de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada. Não se esqueça de dar um título adequado ao seu texto.
A velocidade com que as mudanças e os fatos acontecem no nosso dia-a-dia gera um forte sentimento de instabilidade e insegurança, nos levando a refletir sobre quão superficiais ou mesmo “descartáveis” tornaram-se também as nossas necessidades no mundo atual. Temos dificuldades em estabelecer valores autênticos, iludidos e influenciados que somos pela chamada “cultura digital” e também pela crescente “homogeneidade”, imposta pela globalização, que nos faz perder de vista heranças culturais e comportamentais, deixadas em segundo plano, provocando uma perda de identidade que, se não for freada a tempo, pode nos causar danos irreversíveis e bastante tristes a longo prazo.
Guiados pela mídia e bombardeados pelas idéias consumistas, começamos a valorizar e a buscar coisas que, na verdade, estão longe de serem realmente importantes para nossas vidas porque passageiras e irrelevantes. Mudamos nossas cabeças, mudamos nosso comportamento e a eterna sensação de “vazio” ainda nos persegue: sem objetivos reais, somos constantemente vitimados pela nossa própria visão distorcida e invertida da realidade.
Você já parou para pensar sobre isso?
Para auxiliar sua reflexão, leia os textos abaixo e, a seguir, norteando-se por eles, produza um texto dissertativo, com cerca de 25/30 linhas, em que você desenvolva o tema proposto de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada. Não se esqueça de dar um título adequado ao seu texto.
Texto 1
"Nunca a questão do olhar esteve tão no centro do debate da cultura e das sociedades contemporâneas. Um mundo onde tudo é produzido para ser visto, onde tudo se mostra ao olhar, coloca necessariamente o ver como um problema. Aqui não existem mais véus nem mistérios. Vivemos no universo da sobreexposição e da obscenidade, saturado de clichês, onde a banalização e a descartabilidade das coisas e imagens foi levada ao extremo. (...) O indivíduo contemporâneo é, em primeiro lugar, um passageiro metropolitano: em permanente movimento, cada vez mais longe, cada vez mais rápido. (...) A velocidade provoca, para aquele que avança num veículo, um achatamento da paisagem. Quanto mais rápido o movimento, menos profundidade as coisas têm, mais chapadas ficam, como se estivessem contra um muro, contra uma tela. A cidade contemporânea corresponderia a este novo olhar. Os seus prédios e habitantes passariam pelo mesmo processo de superficialização, a paisagem urbana se confundindo com out-doors. O mundo se converte num cenário, os indivíduos em personagens."
PEIXOTO, Nelson Brissac. O olhar do estrangeiro. In: NOVAES, Adauto. (Org.) O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 361.
Texto 2
“ (...) Parece claro que o mundo está passando por uma reconfiguração. Os efeitos das profundas transformações provocadas pela cultura digital sobre a formação de identidades, as questões éticas e a variação de papéis sociais do indivíduo contemporâneo foram abordados pelas duas principais estrelas do seminário no Rio, os filósofos franceses Jean Baudrillard e Edgar Morin. Baudrillard, autor de ensaios sempre provocativos como A transparência do mal, A ilusão do fim e O crime perfeito, aproveitou para lançar seu novíssimo livro, Tower inferno, que analisa os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Uma curiosidade é que o pensador foi citado/ homenageado no primeiro filme da série Matrix, na cena em que o personagem Neo (Keanu Reeves) esconde seus programas piratas dentro de um exemplar do livro Simulacros e simulações.
Para Baudrillard, a aceleração das mudanças tecnológicas resultou num mundo sem referências, movido por fórmulas vazias, repetições incessantes das formas produzidas quando ainda existiam valores e referências da realidade. É o que ele chama de “simulacros”: a arte se tornou um simulacro da arte, a política um simulacro da política, e assim por diante.”Depois do ‘assassinato do real’, vivemos uma época de extermínio do diferente, do estranho, do ‘outro’” – diz Baudrillard. “Tentamos exorcizar a alteridade radical da morte por meio da terapia, da cirurgia estética, da clonagem, num sistema de identificação total entre todo mundo, de ‘metástase do mesmo’. E todos se transformam em atores do espetáculo total da realidade, como nos atos televisivos imediatos dos reality shows. Cada indivíduo é uma reprodução de um ‘eu genérico’, conectado em rede e em perpétuo feedback comunicacional. É o novo fundamentalismo do circuito integrado: o indivíduo sozinho já se torna massa. A diferenciação entre indivíduo e massa desapareceu”.
Outro aspecto delicado é que os critérios pragmáticos e até mesmo o vocabulário operativo da tecnologia se sobrepõem cada vez mais à reflexão sobre o sentido da vida. A eficácia prevalece sobre os conceitos de justo, certo e bom. O veterano e incansável Edgar Morin, que publica ensaios desde 1951, quando lançou O homem e a morte, e desde então vem participando de todos os debates que afetaram a sociedade européia, da contracultura dos anos 60 à globalização dos anos 90, tocou nesta questão, embora de forma menos pessimista que Baudrillard. Ele vê a digitalização como um produto do espírito humano:
– Hoje, o processo de globalização não é somente objetivo, mas também subjetivo. Objetivamente, percebemos que tudo à nossa volta foi globalizado: comemos frutas brasileiras, usamos roupas chinesas, ouvimos rádios fabricados no Japão. Subjetivamente, cada indivíduo recebe “influxos do eu”, via rede, de todo o planeta. A inserção na rede produz um duplo espectral, um “ego virtual”, que no passado era representado pela alma. O problema é que nos acostumamos a falar de uma só realidade, aquela que apreendemos pelos sentidos, quando, dentro da realidade, existem vários níveis.
Para Baudrillard, a aceleração das mudanças tecnológicas resultou num mundo sem referências, movido por fórmulas vazias, repetições incessantes das formas produzidas quando ainda existiam valores e referências da realidade. É o que ele chama de “simulacros”: a arte se tornou um simulacro da arte, a política um simulacro da política, e assim por diante.”Depois do ‘assassinato do real’, vivemos uma época de extermínio do diferente, do estranho, do ‘outro’” – diz Baudrillard. “Tentamos exorcizar a alteridade radical da morte por meio da terapia, da cirurgia estética, da clonagem, num sistema de identificação total entre todo mundo, de ‘metástase do mesmo’. E todos se transformam em atores do espetáculo total da realidade, como nos atos televisivos imediatos dos reality shows. Cada indivíduo é uma reprodução de um ‘eu genérico’, conectado em rede e em perpétuo feedback comunicacional. É o novo fundamentalismo do circuito integrado: o indivíduo sozinho já se torna massa. A diferenciação entre indivíduo e massa desapareceu”.
Outro aspecto delicado é que os critérios pragmáticos e até mesmo o vocabulário operativo da tecnologia se sobrepõem cada vez mais à reflexão sobre o sentido da vida. A eficácia prevalece sobre os conceitos de justo, certo e bom. O veterano e incansável Edgar Morin, que publica ensaios desde 1951, quando lançou O homem e a morte, e desde então vem participando de todos os debates que afetaram a sociedade européia, da contracultura dos anos 60 à globalização dos anos 90, tocou nesta questão, embora de forma menos pessimista que Baudrillard. Ele vê a digitalização como um produto do espírito humano:
– Hoje, o processo de globalização não é somente objetivo, mas também subjetivo. Objetivamente, percebemos que tudo à nossa volta foi globalizado: comemos frutas brasileiras, usamos roupas chinesas, ouvimos rádios fabricados no Japão. Subjetivamente, cada indivíduo recebe “influxos do eu”, via rede, de todo o planeta. A inserção na rede produz um duplo espectral, um “ego virtual”, que no passado era representado pela alma. O problema é que nos acostumamos a falar de uma só realidade, aquela que apreendemos pelos sentidos, quando, dentro da realidade, existem vários níveis.
TRIGO, Luciano. A realidade existe?. In: Continente Multicultural, edição no 31, jul 2003
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